31 de dez. de 2012

Mário Quintana










‎''Na convivência, o tempo não importa. Se for um minuto, uma hora, uma vida. O que importa é o que ficou deste minuto, desta hora, desta vida. Lembra que o que importa é tudo que semeares colherás. Por isso, marca a tua passagem. Deixa algo de ti, do teu minuto, da tua hora, do teu dia, da tua vida.''


Mário Quintana

28 de dez. de 2012

Há momentos - Clarice Lispector





Há Momentos

Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém que o que mais queremos é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.
Sonhe com aquilo que você quiser... Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar porque um belo dia se morre.
Clarice Lispector

21 de dez. de 2012

Costas de Anjo - Fabricio Carpinejar







COSTAS DE ANJO

Homem quando vira de costas na cama é sono ou ofensa.

A mulher não vira de costas, oferece as costas.

Ela, de conchinha, ainda pretende conversar. São as legendas mais sérias, sinceras, definitivas de uma vida a dois.

Para a minha namorada, conversa olho no olho não supera a conversa da respiração no pescoço. Com o dorso colado em mim, ela está sempre de frente ao assunto, sensível ao batimento do meu corpo.

Antes de falar, hesita para identificar qual será sua audiência, se seu macho é no momento um confidente nos lençóis ou um boxeador cansado na lona.

Ela espera para ver se irei me aproximar de suas curvas, se estou afetuoso e aberto ao diálogo, se engatinho para me enredar em seus cabelos loiros.

Conhece as estratégias da pele. Tem noção de que o homem não finge abraçando, que o homem se envergonha de jurar em falso naquela posição.

Os braços masculinos representam autênticos detectores de mentiras. Estendidos, confirmam caligrafia honesta. Contraídos, escondem espirais de vingança.

Os dedos devem estar soltos para a aliança, espontâneos ao cruzamento suave das mãos.

Quando a namorada se distancia para o canto inverso da cama já sei que não é uma deserção, de modo nenhum é um abandono, mas um pedido de cumplicidade, um convite para tirar os sapatos e pisar em sua memória mais recôndita.

Sugere que está encolhida, mas é o contrário, está transparente de linguagem.

Estamos finalmente a sós do mundo. É como fechar a porta da cama depois de fechar a porta do quarto.

Meus olhos deitados se encaixam em seus ombros. O olfato se apura na saboneteira. E vejo o filme de suas palavras na tela de sua carne. Vou entendendo a importância do desabafo pelos suspiros e parágrafos curtos do pulmão.

Compreendo que escutar é proteger, escutar é reservar todo o corpo a alguém, não apenas o rosto, da mesma forma que reservamos uma mesa para jantar e um lugar no teatro.

Mulher não tem costas, como um anjo, uma árvore, um relâmpago.

Falará até cochilar, cochichando segredos, acalmando-se por dentro, aliviada por repartir suas dúvidas, sem se despedir, sem anunciar o fim.

E soprará “eu te amo” meio que dormindo. Você não ouvirá direito, a não ser que acorde ao lado dela para a repetição.


Fabricio Carpinejar

Crônica publicada em Vida Breve
http://migre.me/crTIl

19 de dez. de 2012

Seguir -W. Gomes







"Respirei fundo e segui, pois as únicas opções que me restavam era seguir ou seguir, não havia outra alternativa. Já que era pra seguir, então resolvi que deveria ser da forma mais bela possível, vesti o meu mais belo sorriso e sai conquistando à vida, fazendo tudo aquilo que me cativa. Só assim percebi o quanto eu ainda posso ser feliz, vivendo e transbordando sentimentos por ai."
(WGomes)



17 de dez. de 2012

Não deixe o amor passar - Carlos Drummond de Andrade







Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.

Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente divino - o amor.

Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro por algum motivo e em troca receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.

Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida.

Se você conseguir, em pensamento, sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado...

Se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados...

Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...

Se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a outra envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela...

Se você preferir morrer, antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida. É uma dádiva.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro. Ou às vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixa-lo acontecer verdadeiramente. É o livre-arbítrio. Por isso, preste atenção nos sinais.

Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o amor.


Carlos Drummond de Andrade

4 de dez. de 2012

Natal, Viagens e Fantasias


Encontro de artes sempre é um momento mágico. O Sesc Água Verde reúne no dia doze de dezembro um grupo de pessoas encantadoras e suas produções.

Na literatura, com a organização da escritora Isabel Furini, o livro Natal, Viagens e Fantasias, com prefácio de Marcelo Spalding apresenta minicontos de Alexandra Barcellos, Ana Paula Lemos Pinheiros, Eliziane Nicolao Lobo Pacheco, Fernando Botto, Luciana Souza, Luiza Guarezi, Rodrigo Domit, Susana Arceno Silveira, Silvia Maria de Araújo, Willians R. Mendonça, Adriana Menendez e Sonia Andrea Mazza.

O curador e artista Carlos Zemek trás  pintores e escultores com trabalhos também voltados para o tema do livro, com Alexandre de Paula, Carlos Zemek, Célia Dunker, Dirce Polli, Gustavo Cardoso Melo, Ilia Ruiz, Jeffe Cor, J. Bonatto, Katia Velo, Mercedes Brandão, Neiva Passuello, Sandoval Tibúrcio, Valéria Sípoli, Vavá Diehl,  Jeffe Cor, Rosa Miller. 

O já conhecido e tradicional Coral da Sociedade Thalia também estará presente oferecendo sua voz aos visitantes.

E o Hospital Erasto Gaetner levará os cartões de Natal criados pelas crianças do Projeto Arte na Pediatria, que poderão ser adquiridos no local.

1 de dez. de 2012

Seguindo o Amor - Khalil Gibran



Seguindo o Amor



Quando o amor acenar, siga-o
ainda que por caminhos ásperos 
E quando suas asas o envolverem, renda-se a ele
E quando ele falar a você acredite no que ele diz
Ainda que sua voz possa destroçar seus sonhos
Pois, se o amor coroa, ele também o crucifica
Se o ajuda a crescer, também o diminui
Se o faz subir às alturas
e acaricia seus ramos mais tenros
que tremem ao sol, também o faz descer às raízes
e abala sua ligação com a terra.
Como os feixes de trigo, ele o mantém íntegro.
Debulha-o até deixá-lo nu.
Transforma-o, livrando-o de sua palha.
submeta-o ao fogo para que se transforme em pão
no banquete sagrado de Deus
Todas essas coisas pode o amor fazer
para que conheça os segredos
de seu coração com esse conhecimento,
se torne um fragmento do coração da Vida

Khalil Gibran

28 de nov. de 2012

Casualidades Felizes- F. Carpinejar


Casualidades felizes

Os apaixonados são os únicos que enxergam as casualidades.
Elas não deixam de existir, sempre estão flutuando, voando, pairando entre as aparências, avisando o que temos que fazer e o que podemos fazer.
É como uma rodovia do invisível oferecendo carona. Ou uma frequência de rádio nos informando dos milagres mais próximos. Ou um caixa automático 24h para saques do inconsciente.
Por receio do julgamento, ficamos alheios, indiferentes, céticos.
Mas os acasos não somem, fingimos que somem por conveniência, para dominar nossa vida e transmitir aos outros uma imagem confiável de adulto e responsável.
Só os apaixonados não temem os ruídos e o entremundos. Não desperdiçam as pichações, não procuram estudar exclusivamente o que é encadernado.
Só os apaixonados — estes últimos alunos das coincidências — acreditam em metáforas. Como não sabem o que vai acontecer, esperam tudo. Esperar tudo é o acaso.
Com Alessandra, vivo diariamente a humildade dos sinais.
Estamos tão ligados que não entendo por que nos separaram em dois corpos.
Nossa intuição é conversa. O que ela raciocina, completo. O que desejo, ela completa. O pedido de desculpa vem antes da agressão. A explicação surge antes da pergunta.
É meio maluco conviver nesta hipersensibilidade, mas é muito mais verdadeiro.
Na hora em que Alessandra me entregou uma pedra branca que colheu na ponte Santa Maria Maddalena, na Itália, eu disse um poema de Pascoli: “A água passa, a sombra fica”.
Fui descobrir depois que o verso foi escrito naquela ponte. Eu sequer desfrutava desse dado.
Guardo livros e objetos pessoais numa gaiola, ela incrivelmente repete a excentricidade amorosa e conserva pertences do seu pai também em gaiola vazia.
Quando ela precisa falar comigo, é certo que tocará Tiziano Ferro em minha vizinhança. Funciona melhor do que o SMS. É um ringtone do vento. E, convenhamos, não é comum FM tocar Tiziano.
Somos capazes de, simultaneamente, ler o mesmo texto, comer a mesma comida, escolher o mesmo filme, ainda que distantes, ainda que eu em Porto Alegre e ela em São Paulo.
O apaixonado não tem medo do medo. Para ele, o medo é surpresa.
Fabricio Carpinejar
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19 de nov. de 2012

Frederico Lorca




"Deixaria neste livro 
toda minha alma.
Este livro que viu
as paisagens comigo
e viveu horas santas.

Que compaixão dos livros
que nos enchem as mãos
de rosas e de estrelas
e lentamente passam!

Que tristeza tão funda
é mirar os retábulos
de dores e de penas
que um coração levanta!

Ver passar os espectros
de vidas que se apagam,
ver o homem despido
em Pégaso sem asas.

Ver a vida e a morte,
a síntese do mundo,
que em espaços profundos
se miram e se abraçam.

Um livro de poemas
é o outono morto:
os versos são as folhas
negras em terras brancas,

e a voz que os lê
é o sopro do vento
que lhes mete nos peitos
— entranháveis distâncias. —

O poeta é uma árvore
com frutos de tristeza
e com folhas murchadas
de chorar o que ama.

O poeta é o médium
da Natureza-mãe
que explica sua grandeza
por meio das palavras.

O poeta compreende
todo o incompreensível,
e as coisas que se odeiam,
ele, amigas as chama.

Sabe ele que as veredas
são todas impossíveis
e por isso de noite
vai por elas com calma.

Nos livros seus de versos,
entre rosas de sangue,
vão passando as tristonhas
e eternas caravanas,

que fizeram ao poeta
quando chora nas tardes,
rodeado e cingido
por seus próprios fantasmas.

Poesia, amargura,
mel celeste que mana
de um favo invisível
que as almas fabricam.



Poesia, o impossível
feito possível. Harpa
que tem em vez de cordas
chamas e corações.

Poesia é a vida
que cruzamos com ânsia,
esperando o que leva
nossa barca sem rumo.

Livros doces de versos
são os astros que passam
pelo silêncio mudo
para o reino do Nada,
escrevendo no céu
as estrofes de prata.

Oh! que penas tão fundas
e nunca aliviadas,
as vozes dolorosas
que os poetas cantam!

Deixaria no livro
neste toda a minha alma..."


Frederico Lorca

9 de nov. de 2012

Mario Quintana




‎"As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui para satisfazer as dela.
Temos que nos bastar, nos bastar sempre e quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém. As pessoas não se precisam, elas se completam, não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida."

(Mario Quintana)

4 de nov. de 2012

Exposição Imagens do Mundo





EXPOSIÇÃO "IMAGENS DO MUNDO": O curador Carlos Zemek enfatiza que as “Imagens do mundo” não são só representações externas, mas registros de monumentos, cidades, ambientes, pessoas, que questionem a vida do homem contemporâneo, sua visão da realidade. Na visão de Zemek, a arte não é só prazer estético, mas também um instrumento para entender e questionar o mundo.



 O mundo com suas paisagens, com seus ambientes naturais e urbanos, com pessoas que amam e sonham, serão assuntos da exposição “Imagens do Mundo”.  O mundo multifacetado, encantador, fascinante, é fonte de inspiração dos artistas plásticos:

Escultura: Zardo.

Pintura: Alessandro Bozza, Carlos Zemek, Celia Dunker, Daniel da Silva Freire, Dirce Bittencourt, Katia Velo,  Mercedes Brandão, Neiva Passuello,  Rogério Bittencourt, Sandoval  Tibúrcio, Valéria Sípoli, Vanice Zimerman, Vera Freitas,  além de Maribel Moratilla, da Espanha, e Claudia Augusti e Ilia Ruiz  da Argentina.

Curadoria: Carlos Zemek


Vernissage: 07de novembro, 19 horas, no Estação Business School, Av. Sete de Setembro, 2775 - 5º Andar, Curitiba. 
ENTRADA FRANCA.

30 de out. de 2012

Namastê





"O gesto é o reconhecimento da alma de um no outro. "Nama" significa saudação ou reverência, "as" quer dizer eu e "te", você. Logo, Namasté literalmente significa "saudação eu você" ou "Eu saúdo a você" ou seja, O Deus que há em mim saúda o Deus que há em você. Para fazer o gesto Namastê, colocamos as palmas das mãos juntas na frente do chakra do coração, em frente ao terceiro olho, feche os ohos e
 arqueie levemente a cabeça. Também pode ser feito da mesma forma, só que trazendo as mãos abaixo do coração. Essa é uma forma especialmente profunda de respeito. Apesar de a palavra Namastê no Ocidente ser dita em conjunção com o gesto, na Índia, é compreendido que o gesto por si só significa Namasté e então, não há necessidade de dizer a palavra quando saúda ou reverência.

Trazemos as mãos em direção ao chakra do coração para aumentar o fluxo do amor Divino. Arquear a cabeça e fechar os olhos ajuda a mente a render-se ao Divino no coração. Pode-se fazer o Namastê a si próprio como uma técnica de meditação para atingir profundamente o chakra do coração; quando feito a outra pessoa, apesar de rápida, é igualmente uma bonita meditação."

29 de out. de 2012

Matteo Negrin- music painting

Achei lindo demais!
O músico italiano Matteo Negrin encontrou uma maneira brilhante de divulgar seu trabalho.



26 de out. de 2012

Café do Molhe - Manuel Antonio Pina


Café do molhe 








Perguntavas-me
(ou talvez não tenhas sido
tu, mas só a ti
naquele tempo eu ouvia)
porquê a poesia,
e não outra coisa qualquer:
a filosofia, o futebol, alguma mulher?
Eu não sabia

que a resposta estava
numa certa estrofe de
um certo poema de
Frei Luis de Léon que Poe

(acho que era Poe)
conhecia de cor,
em castelhano e tudo.
Porém se o soubesse

de pouco me teria
então servido, ou de nada.
Porque estavas inclinada
de um modo tão perfeito

sobre a mesa
e o meu coração batia
tão infundadamente no teu peito
sob a tua blusa acesa

que tudo o que soubesse não o saberia.
Hoje sei: escrevo
contra aquilo de que me lembro,
essa tarde parada, por exemplo.

Manoel Antonio Pina

24 de out. de 2012

Por que as pessoas GRITAM?



Por que as pessoas GRITAM?

Um dia, um mestre indiano, preocupado com o comportamento dos seus discípulos, que viviam aos berros uns com os outros, fez a seguinte pergunta:
- Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas ou quando não se entendem?

- Gritamos porque perdemos a calma - disse um deles.

- Mas por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado? - questionou novamente o pensador.

- Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça - retrucou outro discípulo.

O mestre volta a perguntar:
- Não é possível falar com a outra pessoa em voz baixa?

Os alunos deram várias respostas, mas nenhuma delas convenceu o velho pensador, que esclareceu:
- O fato é que quando duas pessoas gritam é porque, quando estão aborrecidas, seus corações estão muito afastados. E, para cobrir esta distância, precisam gritar para que possam escutar-se mutuamente. Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão de gritar, para que possam ouvir umas às outras, por causa da grande distância.

E continuou o sábio:
- Por outro lado, quando duas pessoas estão enamoradas, não gritam; falam suavemente. Por quê? Porque seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena. As vezes, seus corações estão tão próximos que nem falam, somente sussurram. E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar, apenas se olham, o que basta. Seus corações se entendem. E justamente isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.

Por fim, o pensador conclui, dizendo:
- Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará o dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta.

22 de out. de 2012

Canção - Cecília Meireles





Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar


Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.


O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...


Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.


Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.



21 de out. de 2012

Novo livro de Isabel Furini







A escritora e filósofa Isabel Furini lança seu novo livro onde ensina  metáfora, anáfora, catacrese, personificação e muito mais, sem mistério e sem complicação, em poemas divertidos e cheios de sensibilidade.
O livro ensina a fazer poemas, brincando com as palavras, seus sons e significados.
Pela Editora Matrix, www.matrix.com.br.


18 de out. de 2012

Bilhete - Mário Quintana



Se tu me amas,
ama-me baixinho.

Não o grites de cima dos telhados,
deixa em paz os passarinhos.

Deixa em paz a mim!

Se me queres,
enfim,

tem de ser bem devagarinho,
amada,

que a vida é breve,
e o amor
mais breve ainda.


Mário Quintana

15 de out. de 2012

Receita de Casa - Lya Luft




Receita de Casa

Uma casa deve ter varandas para sonhar,
cantos confortáveis para chorar,
salas bonitas para os amigos bem receber,
cantos para os segredos desabafar,
para as confidências, e para o bem amar.

Uma casa precisa um ninho ser,
pois o amor precisa de espaço pra crescer,
de alguns empurrões pra saltar e voar,
muita liberdade para querer ficar,
alguns espaços para conceber e procriar,
jardins para a alegria plantar.

Uma casa precisa de muito amor,
cuidados para não ter medo de alguém partir,
um pouco de ciúmes pra proteger,
amizade para o companheirismo perdurar,
o dom de sempre surpreender,
e enfeitiçar sempre para durar.

Uma casa precisa ser um bom e doce lar,
com muita cumplicidade a esbanjar,
união e somatório pra ter sempre o que dar,
família grande pra ter a vida sempre a se doar,
um grande amor - lógico - pra nos realizar."

Intertexto de “Receita de Casa” de Lya Luft

13 de out. de 2012

"Toda pessoa...."





‎"Toda pessoa deveria diariamente escutar um pouco de música delicada, ler um trecho de boa poesia e ver um quadro de bela feitura. Dessa maneira, as preocupações da vida cotidiana não aniquilariam a capacidade que Deus pôs na alma humana de perceber a beleza." - Johann Wolfgang von Goethe

Rapariga com Brinco de Pérola, do holandês Johannes Vermeer,   uma das minhas telas preferidas.

11 de out. de 2012

Verdades de um silêncio - Ricardo Verissimo









Verdades de um silêncio

Quem és? Eu sou o silêncio.

De onde vens?

Venho do interior da tua alma. E hoje ouvi tuas súplicas. Por não suportares tuas angústias, tuas inseguranças e teus medos, me buscaste, para que eu viesse te falar. Então escuta-me. Se me escutares, sentirás uma calmaria e assim poderás arguir contigo mesmo.

Argumentes com teus sentimentos, discuta com eles, critique se for necessário. Fale com a saudade, com o rancor, pois só assim a senhora maldade vai parar de te atormentar e o senhor ódio virar poeira do tempo.

Agora que tudo foi embora poderás me ouvir. E se podes me ouvir, ouvirás e sentirás o som do mestre, que se chama AMOR.

Outrora não precisavas de mim, pois estavas tão absorto na tua verdade que me escondeste. Hoje que buscas a verdade das verdades, me tens vivo em teu ser.